segunda-feira, 29 de março de 2010

Em busca do Santo Graal


A palavra Graal, etimologicamente, vem do latim tardio “gradalis” ou “gratalis”, que deriva do latim clássico, “crater”, vaso.
O Graal é a visão do divino, é a unidade cósmica reencontrada que deveria ser realizada na ligação alquímica do próprio ser, na Sancta Sanctorum da alma humana. A circunferência do centro equivale ao passo do exterior para o interior, a forma da contemplação, da multiplicidade da unidade.

No antigo Egito, aparece sobre a cabeça de boi Apis um vaso pirogênio, que se chamava "Gradal". O Cálice representa o coração do homem, órgão que para os antigos era o centro do Conhecimento, lugar de radicaçõ da chispa ou partícula divina que todo homem leva dentro de si. O despertar desse Fogo daria ao homem a iluminação necessária para unir-se com a essência de onde provém.
O Graal conserva-se oculto às pessoas comuns; chega-se a ele batalhando numa longa peregrinação e o consegue por meio de alimento espiritual reservado a uma Irmandade de Eleitos, da qual participa a Presença Divina. Todo caminho é pessoal, já que cada um se alimenta com o que necessita e faz o esforço devido pra conseguir ver, sentir e reinar Deus em seu próprio coração.


"A realização ou superação de cada um efetua-se por meio de uma atividade, que normalmente é interna, pois se exerce a partir do centro de cada plano". René Guenon

quarta-feira, 24 de março de 2010

O caminho


Por sermos limitados e imperfeitos, não podemos revelar o Infinito em sua totalidade. E porque estamos aprisionados no plano da forma, só podemos conceber o que é Amorfo na medida em que as mentes habituadas às formas podem imaginá-lo.
E isso, não é uma grande evolução. Nós, que somos homens e mulheres e que queremos conhecer Deus na medida em que ele se manifesta na Natureza - nós vemos o semblante luminoso do Eterno nas belas formas dos Deuses. E dessa maneira, aprendemos mais e podemos realizar mais do que se lutássemos por captar essências abstratas que nos iludem.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Pensamentos meus


Não cairei nesse abismo
Nem envolverei meus impulsos entre meus desejos insanos

Serei o que ainda não fui

Procurando aquilo que tanto suplico

Sem menosprezar parte alguma do meu Ser.

Não quero ídolos

Nem atritos

Quero ser livre, ter asas para voar

Não aceito ordens dos fracos

Nem tão pouco dos fortes

Não vou renunciar nenhuma parte de mim

Voarei com o tempo que não voa

Deixando-me aqui

Errante

Pensante

sexta-feira, 19 de março de 2010

Hierofania


O homem ocidental moderno experimenta um certo mal estar diante de inúmeras formas de manifestações do sagrado: é difícil para ele aceitar que, para certos seres humanos, o sagrado possa manifestar-se em pedras ou árvores, por exemplo. Mas, como não tardaremos a ver, não se trata de uma veneração da pedra como pedra, de um culto da árvore como árvore. A pedra sagrada, a árvore sagrada não são adoradas com pedra ou como árvore, mas justamente porque são hierofanias, porque “revelam” algo que já não é nem pedra, nem árvore, mas o sagrado, o ganz andere.
Para aqueles que têm uma experiência religiosa, toda a Natureza é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica. O Cosmos, na sua totalidade, pode tornar-se uma hierofania.

terça-feira, 16 de março de 2010

Última Deusa


Foram-se os deuses, foram-se, em verdade;
Mas das deusas alguma existe, alguma
Que tem teu ar, a tua majestade,
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.


Ao ver-te com esse andar de divindade,
Como cercada de invisível bruma,
A gente à crença antiga se acostuma
E do Olimpo se lembra com saudade.


De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
Rútilo rola o teu cabelo esparso...
Pisas alheia terra... Essa tristeza
Que possuis é de estátua que ora extinto
Sente o culto da forma e da beleza.



Alberto de Oliveira

sábado, 13 de março de 2010

Um pensamento





"Muitos não assumem o problema para si mesmos,
não para o recôndito de sua própria mente, mas
para o primeiro grupo de pessoas que encontram."


O Reino dos Deuses está dentro de nós.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Por amor


Quando o corpo de uma mulher é transformado num altar para o culto a Deusa, que é toda beleza e vida magnética; quando o homem se entrega num culto, num sacrifício, sem reter nenhuma parte do preço, mas entregando-se por amor, por ver em sua parceira a sacerdotisa que serve com ele no culto; nesse caso, evocada pelos seus adoradores, a Deusa entra no templo com pombas voando ao seu redor. É porque não temos fé que não vemos a Deusa por trás da mulher e não a invocamos. E é porque as mulheres não compreenderam a santidade da Grande Mãe que elas não têm respeito pelas dádivas que entregam ao homem.

terça-feira, 9 de março de 2010

Somos um só


Aprende agora o segredo da teia que é tecida entre a luz e a escuridão, cuja urdidura é a vida evoluindo no tempo e no espaço, e cuja trama é tecida com a vida dos homens.
Considera que surgimos com a aurora do tempo a partir do mar cinzento e enevoado; considera que, com o anoitecer, mergulhamos no mar do ocidente, e que as vidas de um homem são ligadas, como as pérolas são enfiadas no fio de seu espírito. E nunca, em toda a sua viagem, ele vai só, pois o que está solitário se corrompe.
Aprende agora o mistério das marés cheia e vazante. O que é dinâmico no exterior é latente no interior, pois o que está acima é o que está embaixo, mas de outra forma.


"Nunca entenderá as coisas enquanto não confiar nela, pois você inibe de que duvida".

sexta-feira, 5 de março de 2010

Conexão com o Divino




Respire em mim...fundo,
Para que eu respire...e viva.
E me abrace apertado para eu dormir
Suavemente segura por tudo que você me dá.


Venha me beijar, vento, e tire meu fÔlego
Até que você e eu sejamos um só,
E dançaremos entre túmulos
Até que toda morte se vá.


E ninguém sabe que existimos
Nos braços um do outro
A não ser Aquele que soprou o hálito
Que me esconde livre do mal.


Venha me beijar, vento, e tire meu fôlego
Até que você e eu sejamos um só,
E dançaremos entre túmulos
Até que toda a morte se vá.


quarta-feira, 3 de março de 2010

O lado negro


Em minha opinião, uma das coisas que não consigo tolerar é o preço de se sentir culpado. A culpa é uma “indigestão” na mente humana. Qualquer Ser Humano encarnado na Terra, foi e será capaz sempre das maiores crueldades, mesmo que elas sejam intrísecas. Em diversas mitologias temos sempre um Deus ou uma Deusa sanguinária, capaz de destruir seus inimigos até que virem pó como, por exemplo, a Deusa Kali.

KALI, tem o corpo negro, seu rosto é vermelho e carrega uma espada invencível. Seu cabelo é longo e totalmente desalinhado e pode ser vista nua, indicando sua liberdade e independência. Ela tem olhos sedentos de sangue, uma boca com dentes grandes e afiados, mostrando sua enorme língua. Ela tem um colar com 50 cabeças humanas decepadas, representando as letras do alfabeto Sânscrito, seus brincos são corpos de anjos, indicando que Ela está acima da luxúria. Ela tem cobras enroladas em seus vários braços e no pescoço que são usadas como armas para matar suas vítimas.
Usar o lado negro da balança é uma opção que todo Mago, no caminho da Iluminação, tem. E usar uma personificação de uma Deusa Negra, cultuá-la, significa realmente que estamos fazendo o mal? Ou estamos nos deparando com aquilo que mais temos medo, nós mesmos?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Escrever sim


Ganesha é barrigudo, de tantos caramelos, e tem orelhas e tromba de elefante. Mas escreve com mãos de gente.
Ele é mestre de iniciações, aquele que ajuda as pessoas a começarem suas obras. Sem ele, nada na Índia teria começo. Na arte da escrita, e em todo o resto, o começo é o mais importante. Qualquer princípio é um grandioso momento de vida, ensina Ganesha, e as principais palavras de uma carta ou de um livro são tão fundadoras como os primeiros tijolos de uma casa ou de um templo.