quarta-feira, 16 de junho de 2010

Oferenda aos Deuses

Em qualquer parte que nossos ancestrais da era osiriana procurassem, eles encontrariam uma representação do drama do Deus Moribundo. O fazendeiro observava os efeitos fertilizantes do sangue e da carne sacrificada sobre o solo, que as sementes (vindas de planta vivas, durante o verão e o outono) poderiam morrer e ser enterradas durante os meses do inverno e que, então, milagrosamente, ressuscitariam como novas plantas na primavera, Era uma verdade óbvia e inescapável: sem morte não existe vida.

O Sol não morria a cada noite e a cada inverno de modo que pudesse renascer? A semente não se oferecia à Terra de modo que pudesse ressucitar como uma nova planta? Após a ejaculação, o pênis não sacrifica sua potência para fertilizar o óvulo e perpetuar a raça?
A vida a partir da morte era um fato e, para assegurar que as bençãos da vida continuassem a vir da morte, nossos ancestrais da era osiriana acreditaram que deveriam tomar parte ativa no grande ritual de vida/ morte. Com essa finalidade, rumaram aos cumes das montanhas e aos mais altos lugares. Juntaram pedras, construíram altares e ofereceram sacrifício aos deuses.

A fórmula do sacrifício nasceu da crença equivocada de que o Sol sobe pela manhã e desce ao anoitecer. A morte do Sol é meramente uma ilusão de ótica, um deslocamento de sombra.

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